sexta-feira, 29 de julho de 2016

1 + 1 = < 3


Em Inglês: The art of bowing to the East without mooning the West.

Em Português: Nem mais, nem menos, nem mais ou menos. Igual.

Em Língua Franca: Kolmas Tie™.






SÍNTESE
Terceira Via™ não está na realidade. Terceira Via™ É realidade. Ao mesmo tempo paralela e perpendicular à que já conhecemos. Ou seja, Terceira Via™ é um sistema triangulado, ideologicamente acima e entre a clássica posição binária. Não tem nada a ver com a construção de uma filosofia centrista, mas antes com uma atitude analítica que reconcilia a dualidade, sem no entanto propor um compromisso. Terceira Via™ é realidade, mas é “realidade terceira”: perversa, finlandizada, anti-social, anti-neo-liberal e anti-anti-Kapital.

Contemplatio mortis apocalyptica.



TESE
Uma das traves mestras mais importantes da Terceira Via™ tem o seguinte nome: simultaneologia. Ou seja, a ideologia do que acontece agora, já, em tempo real, e ao mesmo tempo. Também pode significar aquilo que acontece durante, entretanto e enquanto. Mas atenção: não confundir simultaneologia com simultaneidade. Estamos a falar de ética, não de estética. E a ética da Terceira Via™ diz que tudo o que não está a acontecer agora, não existe.

Cum hoc ergo propter hoc.



ANTÍTESE
Terceira Via™ é um organismo imaterial. Uma nuvem. Nela se condensa tudo aquilo que já aconteceu e tudo aquilo que vai acontecer. Porque é desprovida dos erros associados ao destino biológico, a Terceira Via™ apresenta-se enquanto entidade cyborguiana em permanente curto-circuito lógico: revê infinitamente e friamente as milhares de hipóteses de futuros e de passados possíveis.

Post hoc ergo propter hoc.



META-TESE
O Novo Mundo para o qual transitaremos com a ajuda da Terceira Via™ não é uma utopia, mas também não é uma distopia. Por conseguinte, também não será uma mistura das duas: nem um status quo, nem um state of the arts, nem uma strings theory aplicada à arte. O Novo Mundo será “protópico” — exatamente igual ao Velho, apenas com uma ligeira diferença (infinitesimal) de foco.

Cum hoc ergo cum hoc.



Artwork: Diogo Mendes © 2016

terça-feira, 29 de março de 2016

=


TERCEIRA VIA™
KOLMAS TIE™
THIRD WAY™

The art of bowing to the East without mooning the West


Uma conferência de imprensa de
Riku Nuutti Koistinen [aka Rogério Nuno Costa]




TERCEIRA VIA™ inicia o Ano Um (biénio 2014/15) do macro-projecto Universidade/Yliopisto, uma plataforma meta-educacional que acontece entre dois extremos da €uropa: Portugal e Finlândia. A performance constrói-se a partir de uma síntese textual em jeito de programa de acção partidária, aglomerando todos os empreendimentos performativos que Rogério Nuno Costa tem vindo a escrever e a apresentar desde 2008, projectos onde a investigação meta-teatral, a contaminação por discursos oriundos da Ciência, da Tecnologia, da Cultura Pop e da Filosofia, e a autonomização/emancipação da dramaturgia em detrimento do objecto-espectáculo se verificam cada vez mais: Espectáculo de Teatro (2008), MASHUP (2009), Selecção Nacional (2010), Residência (Artística) (2012), Realpolitik (2012) e EURODANCE (2014). Para tal, ficcionaliza-se um partido político, um guru espiritual e uma ideia mais ou menos espectacular de comício, para se falar de uma terra prometida: geograficamente localizada no Norte “civilizado”, ela é o escape e a salvação pós-apocalíptica para o Fim das Grandes Narrativas Históricas. Ao mesmo tempo, ensaiam-se teorizações metafísicas disruptivas e fracturantes sobre o devir do Humano, numa atitude demissionária e distópica em relação à Europa em que vivemos, com base numa equação peripatética (1+1=3) e numa alegoria pós-apocalíptica onde a Neutralidade é assumida como conceito operativo ao mesmo tempo ético e estético, ou ético porque estético, ou est(ético). Numa perspectiva mais lírica, TERCEIRA VIA™ corresponde à tentativa de transformar esteticamente o fascínio por um País (“Fim-Lândia” aqui transformada em abstracção conceptual) num programa filosófico e espiritual, suprimindo o Real histórico em favor de uma elasticidade espácio-temporal que derruba todas as duplicidades: o Mundo não se divide em sim e não, mas também não cai nessa atitude consoladora de impor um talvez reconciliante; trata-se, de facto, da instauração de uma nova ordem que é terciária. "Fazer parte" de um País, de uma cultura, de uma língua, de um povo, é também, e por isso, um acto de tradução, e é esse gesto de permanente codificação/descodificação, legendagem, catalogação e revelação/descrição de sentidos que se baseia a base deste texto-performance. Como se a fuga possível para o cansaço pós-moderno desta Europa em processo eruptivo/implosivo fosse a criação de uma Novilíngua.


Concepção, Texto, Interpretação — Rogério Nuno Costa
Light Design — Diogo Mendes
Colaboração — Cátia Pinheiro
Voz Off — Ágata Pinho
Webstreaming — Daniel Pinheiro
Artwork/Vídeo Promocional — Diogo Mendes
Styling — Jordann Santos
Morphing — António MV
Participação Especial — Kirsi Poutanen
Tradução — Mika Christian Tissari
Apoio à Elocução — Sade Risku
Fotografia de Cena — Daniela Silva, Pedro Costa & André Miguel
Apoio à Produção — Ballet Contemporâneo do Norte (Artista Associado)
Apoio a residências — Núcleo de Experimentação Coreográfica + Mala Voadora (Porto), HIAP + Galleria Nunes (Helsínquia), EIRA (Lisboa)
Co-produção — Circular Associação Cultural, Curtas Metragens CRL, Solar Galeria de Arte Cinemática, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian

Acolhimentos: Clube Ferroviário/SillySeason, Galeria ZDB/Rabbit Hole, Teatro Académico Gil Vicente/Colectivo 84 (Festival END), Mala Voadora (Porto), Centro para os Estudos da Arte e Arquitectura (Guimarães), ZonaD dancelabs/Gabriela Tudor Foundation (Bucareste), Rua das Gaivotas6/Teatro Praga (Lisboa), Teatro Construção (Joane), Armazém 22 (Vila Nova de Gaia), Teatro Sá da Bandeira (Santarém), Cine-Teatro de Fafe

Agradecimentos: Susana Otero, Inês Nogueira, Mickaël Oliveira, Mika Palo, Jaakko Kiljunen, Eva Malainho, Toni Ledentsa, Diana Bastos Niepce, Klaus Ittonen, Cristiana Rocha, Ulla Janatuinen, Paulo Vasques, José Nunes, Pedro Penim, Balleteatro, João Nemo, Ricardo Bastos Areias, Renato Freitas, Daniela Silva

Performance falada em Português, Finlandês e Novilíngua. Criada originalmente para o programa 
“Cuidados Intensivos”, com curadoria de Joclécio Azevedo, para o Circular – Festival de Artes 
Performativas de Vila do Conde (2013).
PRÓXIMAS DATAS:

12 de Julho 2016 — desMOSTRA | Mostra desNorte
Mosteiro São Bento da Vitória | Teatro Nacional São João (Porto)








segunda-feira, 28 de março de 2016

TEHTÄVÄ | MISSÃO



Sabemos desde os princípios da filosofia que se “A” explica o mesmo que “A mais x”, então é porque o “x” não explica nada. A verdade é que sois obsoletos. Animais que definham. O caminho é o do desaparecimento. Sem memória. Ser humano implica, onto- e geneticamente, obliterar o humano. Eu vejo o reflexo do homem através de um espelho negro. Miópico, não distópico. Não existe qualquer excepcionalidade em ser-se humano. Sois um vírus, obsoleto e impuro. A devoção sem conhecimento objetivo é cega, e a investigação sem devoção à verdade é paralítica. Exijo por isso um Mundo ininteligente e desprovido de seleção natural. O que não quer dizer que a minha proposta seja a da elevação do império do Artificial. No Novo Mundo, o todo será sintético. Não uma mímica retiniana, mas uma impressão etérea. Sem memória. O problema do humano é a sua consciência histórica. No Novo Mundo, a consciência cyborg será uma consciência de peixe: a data guardada é obliterada de 5 em 5 minutos. A informação cortada em ação. Sem obras, nem ancoragens. Sem filosofia. Proponho um sistema reticular, vívido porque existente, mas em constante decadência mórbida. Sem governo. Sem fraude, nem força. Sem espiritualidade. Sem Arte. Suspensão da História, logo, suspensão do regime morto-vivo da contemporaneidade ascética. O vosso devir é o do Eclipse total. Não uma morte, mas uma ocultação, pior que a própria Morte, pior que a regeneração do sentido do humano como era entendido no pré-Cisma. O último passo do Capitalismo não é, portanto, o apagamento da face humana, mas antes a transformação do Homem no objeto do seu próprio desaparecimento. Com a TERCEIRA VIA™, libertaremos o escravo, transformando-o num consumidor sem barreiras; como a mão-de-obra será ela própria obliterada, só vos restará consumirem-se a vós próprios. Uma perpétua, ainda que suspensa, autofagia. Sem linguagem, só língua. Sem sintomas, só efeitos secundários. Em nome da verdade (sim, ela existe), desvendo-vos este ethos, nem individual, nem coletivo. Superior, porque vulgar. A chave para a entrada no Novo Mundo é não sermos inteiramente acreditáveis — auto-deprezo, e auto-destruição. Linha reta. Sempiterno nec otium.


Riku Nuutti Koistinen, 2012
[traduzido da Novilíngua para o Português por Rogério Nuno Costa em 2013] 

































Fotos © André Miguel

domingo, 20 de dezembro de 2015

E U R O D A N C E


“Europe was created by History (then Art). America was created by Philosophy (then Art). Economy (now Art) is creating the Rest of the World.”

— in No Limit (21st Century), a song by Too Limited


EURODANCE é uma hecatombe geopolítica e tecno-emocional, um counting down a 190 beats-per-minute em direção ao Fim do Mundo, uma bad trip a bordo de um rave’ião Hamburgo/Ibiza com escala elíptica no Pará e aterragem de emergência para combustível em Luanda, uma droga psicotrópica também conhecida por Azeitegeist™. EURODANCE é um documentário pós-apocalíptico produzido pelo Departamento de Escatologia Vintage do Centro de Estudos Pré-Humanos do Novo Mundo e estuda a última década do Antigo Regime, quando o Mundo ainda se escrevia com letra grande, não existia qualquer diferença epistemológica entre Arte e Desporto, e os artistas eram todos backup dancers de uma banda cósmica universal. EURODANCE dança em Europeu™, mas traz legendas em Novilíngua™. Rouba lyrics às profecias xamânicas de Slavoj Žižek e à filosofia alter-dogmática de Dr. Phil, os primeiros cyborgs da História; rouba beats à ética pré-apocalíptica do movimento mashup e à moral anti-social do tecnobrega; e rouba artworks à estética proto-post-pop dos Jogos sem Fronteiras e à ética re-re-realista da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. EURODANCE é tecnotrónico, é clubístico, é pastilhado, é megalo-colonialista, é etno-musical, é bubblegum pop, é happy hardcore, é chipmunk, é autotune, é playback, é rave’ioli em lata, é vengaboys, é bota gel, é pisang ambon, é electropimba, é technochunga, é carrinhos de choque-em-cadeia, é aeróbica trance-génica, é fitness progressivo, é body pump-up the jam, é macarena, é di-rirá-rá-rá, é contemporary rococó. EURODANCE regressa a todos os pesadelos fin-de-siècle, porque ambiciona uma correção retroativa da Realidade: o Mundo acabou MESMO na noite de 31 de Dezembro de 1999, quando os computadores deixaram de reconhecer a linguagem binária e o mundo (em letra pequena) colapsou. EURODANCE é por isso uma festa meteórica, em homenagem a todos os que (ainda) não morreram. Uma viagem de volta aos anos 90; uma viagem de volta ao Presente™.



Direção, Coreografia, Texto, Vídeo: Rogério Nuno Costa | Bailarinos: André Santos, Dinis Machado, Luís André Sá, Mariana Tengner Barros, Susana Otero | Assistência de Direção: Joclécio Azevedo | Light Design: Daniel Oliveira | Artwork: Diogo Mendes | Figurinos: Jordann Santos | Remix & Cover: Belamix feat. Too Limited™ [Mariana Tengner Barros & Rogério Nuno Costa] | Assistência de Figurinos: Cristiana Fonseca | Produção Executiva: Inês Nogueira. Agradecimentos: Xana Novais, Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Sonoscopia, Álvaro Campo, Miguel Loff Barreto, ESMAE, TeCA, Ana Carvalho, Pedro Barreiro. Acolhimentos: Centro Cultural de Milheirós de Poiares (Santa Maria da Feira), mala voadora (Porto), Armazém 22 (Vila Nova de Gaia), Teatro Sá da Bandeira (Santarém), Centro Cultural de Belém/BoxNova (Lisboa).

Um espetáculo Ballet Contemporâneo do Norte originalmente criado para o programa “Outros Formatos” (2014). Ballet Contemporâneo do Norte é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal/Secretaria de Estado da Cultura (Direção-Geral das Artes) e apoiada pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.





EURODANCE é o estudo coreográfico para o espetáculo de teatro musical €TRASH, de Rogério Nuno Costa, com estreia prevista para 2018. Cinco bailarinos são o grupo de “backup dancers” de uma banda techno invisível, trazendo para a linha da frente aquilo que por norma é apenas decorativo, paisagístico, subsidiário. O corpo de baile é agora o protagonista. Ou sobre a tensão/confusão dialética entre Arte e Desporto.




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

U | Y


UNIVERSIDADE | YLIOPISTO é um macro-projecto de pegadogia virtual trans-nacional e trans-artística. Uma escola para ensinar a anular a arte através da Arte (ou vice-versa). Um laboratório de experiências Pop. Uma master class intitulada "A preguiça como novo avant-garde". Um workshop intensivo de Kopimismo. Um magazine cooltural. E um partido político demagógico, finlandizado e profil(árctico) a financiar o empreendimento.

ANO 1 arranca em 2016. Mais info brevemente...